domingo, 26 de janeiro de 2014

A QUEM INTERESSA ESSA NOTÍCIA?

Esse post interessa especificamente à população de José Bonifácio, cidade natal e também minha base profissional. Saiu daqui a divulgação de página do Diário Oficial do Estado, onde consta a nomeação da sogra do Presidente da Câmara Municipal, Vereador Cássio Gallo, como Assessora do Deputado Estadual Orlando Bolçone (PSB), ocorrida em Julho do ano passado. Particularmente eu tinha conhecimento dessa nomeação há muitos meses, pelo hábito de pesquisar o D.O. e Atos do Governo do Estado, na garimpagem diária de assuntos relacionados à nossa região. Não entro no mérito da nomeação, é questão de fôro íntimo do ilustre Presidente da Câmara. Eu, se estivesse no lugar dele, jamais agiria assim, indicando familiar em linhagem direta para cargos políticos. Mas cada um atua como recomenda a consciência.
Aqui na cidade todos sabem que estou aborrecido e muito incomodado com a atuação do Senhor Presidente e de outros Vereadores, porque não os vejo trabalhando em defesa da população como desejam os eleitores, eu incluso, assevero. Portanto, sinto-me absolutamente a vontade para comentar com isenção essa divulgação da portaria contida no Diário Oficial do Estado. E só o faço, agora, porque fui instado por controvertido fake na rede Facebook, que teve a "gentileza" de incluir meu nome também como destinatário explícito da postagem imaginando talvez, que estava de posse de notícia sensacional e desconhecida. Recomendo, com a devida vênia, que façamos algumas indagações, tentando avaliar a quem interessa repercutir esse fato como uma imensa tramoia política.
Pensemos. Por que, somente agora? A quem é conveniente essa hipotética tentativa de desmoralização política do Presidente da Câmara após tantos meses do fato gerado? Muitas perguntas podem ser feitas e cada uma terá respostas divergentes. Repito, vejo a nomeação da familiar do Presidente como grave erro político e que atrapalha pretensões futuras deste em busca de cargos outros, como é seu desejo. Será que imaginou ele, neófito em política, que aqui lida-se com amadores? Que temos à nossa volta políticos vestais, mentes imaculadas, que só pensam e agem sem lançar mão de subterfúgios e que respeitam os adversários, pretensos futuros concorrentes? Que repudiam praticar pecadilhos políticos?
Não sejamos ingênuos, amigos. Neste altar não estão expostos santos milagrosos. Não nos precipitemos em condenações ou absolvições diante deste fato divulgado, em particular. Vendo a origem da propagação dessa página do Diário Oficial, com fato incriminatório da infantilidade política perpetrada pelo neófito Presidente, concluo que a ação publicitária interessa e muito a alguém. Quem? Não me aventuro a nominar porque provas irrefutáveis não as possuo. Mas a intuição leva-me a suposições, quase a conclusões.
Posso apenas relatar aqui, que vejo o momento político em José Bonifácio como extremamente delicado. Decisões governamentais - parlamentares e executivas - devem ser tomadas urgentemente pela classe política, porque não é mais possível a convivência com a impaciência popular por mudanças anunciadas e que não foram adotadas. Em uma semana a Câmara volta a atividade após o recesso de Janeiro, e pelo que vislumbro, os ilustres Vereadores não terão outro caminho a não ser cobrar com veemência o Executivo.
Não será confortável e fácil para o Poder Executivo suportar a avalanche de críticas que se espera da Câmara. Executivo e Legislativo agem em consonância há um ano, dissociados dos reclamos populares. A melhor defesa é o ataque, como recomenda manuais militares. E, ao que parece, o Executivo constrói sua muralha. Lançada agora ao público, como fato altamente pecaminoso a nomeação da sogra do Presidente da Câmara de José Bonifácio para ocupar um cargo no Gabinete do Deputado Bolçone, no lugar que era dele, o assunto vai consumir dias seguidos, pois a opinião pública adora coisas assim. Desvia-se o foco das queixas populares. Aguarda-se uma semana inteira de tricas e futricas para todos os gostos. Sem contar que no dia 30 próximo, haverá a audiência pública para montagem do plano de saneamento básico municipal. Assunto polêmico, apaixonante, que já gera especulações as mais diversas, que passam da venda do sistema para a estatal Sabesp, ou até a privatização. O Prefeito nega, pés juntos e mãos ao céu, que abrirá mão do controle administrativo do serviço de água e esgoto.
Não estou, repito, defendendo o movimento desajustado neste tabuleiro de vaidades do xadrez político, assumido pelo Presidente da Câmara. Só uma questão final, porque muito me alonguei. Por que só agora divulgam essa nomeação da sogra do Presidente da Câmara, se era fato conhecido nos meios políticos desde Julho do ano passado? Quem ganha agora, com a incômoda publicação? Fiquem todos absolutamente a vontade para os comentários, sem ofensas aos atores políticos, mas em alto nível.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

CHEGA DE BULLIYNG POLÍTICO

Não é mais possível aos partidos políticos e aos pretensos pré-candidatos disfarçarem. E nem mesmo o mais distraído eleitor consegue ignorar. É ano de eleição no Brasil e a campanha já está nas ruas, ao arrepio da lei. Oficialmente, campanha só após a homologação das convenções partidárias. Mas quem se importa com isso? Lei? Ora lei! A classe política brasileira tem demonstrado ao longo do tempo total desrespeito com as normas constitucionais. Busco naquele personagem do saudoso humorista Chico Anísio, uma pergunta para quem ousa discordar do que digo: "É mentira, Terta?" Não, não é mentira, e os milhões de brasileiros sabem disso e dão gostosas gargalhadas - estou incluso nesta estatística - quando algum político usa o discurso para dizer mais ou menos assim, num simulacro defensório, "sou escravo da lei..."
O resultado desse espetáculo encenado diuturnamente no circo mambembe que tem sua matriz em Brasília e espalha-se em filiais malcheirosas pelas mais de cinco mil cidades brasileiras, é a causa maior do descrédito do eleitor quando instado a avaliar a classe política. Curioso, é que os políticos não se envergonham ao sair às ruas ostentando na face o melhor dos seus sorrisos amarelos, distribuindo beijos nas crianças, afagos nas moças e senhoras e abraços que esmagam as costelas dos homens. Tapinhas nas costas, promessas que nunca serão cumpridas, fazem parte do roteiro. Ah! e tem aqueles mais ousados, que não temem em patrocinar churrascos, excursões, quitar contas em atraso de luz e água, distribuir dinheiro abertamente, pagar por meia dúzia de tijolos e telhas para os puxadinhos. "É dando que se recebe", frase de célebre político, que encaminha meu pensamento para a sofrida e empobrecida terra maranhense.
Repito, está a classe política afrontando abertamente e sem medo, a lei, porque sabem seus atores, que eleição e voto é moeda de troca. Eles acostumaram mal o eleitorado e isso parece que não mudará nunca, o troca-troca "favor-voto", é doença incurável e está longe de ser curada. Falta cidadania, bom senso, dizem todos. Mas ninguém move um dedo para estancar o que é errado. Sou mais radical e afirmo: falta vergonha na cara. Do eleitor, principalmente, porque este é predisposto a esse tipo de prostituição, nada cívica por sinal.
Num cenário assim, vi surgir um novo tipo de comportamento com o advento das mídias sociais. No conforto de suas salas e à frente dos computadores e outros equipamentos, sem o contato direto e o olho no olho com o eleitor, defensores de partidos e dos seus candidatos, implantaram o bulliyng político. Cito como exemplo, simpatizantes do PSDB sendo rotulados de "coxinhas" pelos aficionados do PT. E recebem em troca os defensores do PT, o termo nada lisonjeiro de "petralhas". O que é pior, um eleitor ser classificado como "coxinha" ou "petralha"? Sinceramente, nenhum me agrada, pois pejorativos e ofensivos são estes no mais alto grau. Nenhum simpatizante seja de qual partido for, está livre de sofrer o "bulliyng político". E olhem que essa animosidade declarada e que descamba celeremente para agressões mais profundas, é apenas o início. E quando as candidaturas estiverem oficialmente nas ruas, o que veremos?
Temo pelo pior, porque o eleitor, o cidadão comum, esqueceu o que é civilidade. "O meu candidato é santo e o seu é o demônio". É a regra e ponto final. Esse é o pensamento geral, o que está posto à mesa desde já, com estímulo dos partidos e dos seus líderes. E ninguém cede. 
Estou farto de assistir o bulliyng partidário, principalmente na rede social Facebook. E os fanáticos, favorecidos pela ausência física no debate, aproveitam e postam mensagens que retratam o quanto existe de crueldade na alma humana. Tenho lido cada coisa que me causa medo. Métodos de propaganda nazista, fascista, imperialista, comunista ou sei lá o quê? Pode ser qualquer uma delas ou pior. Nunca foi assim. O desejo pelo poder político, governamental e palaciano está acima de tudo e para mantê-lo vale tudo. Até esmagar a garganta da mãe com um pisão, ou macular a honra de adversários com a mais torpe das mentiras. Vender a alma ao diabo? Com tanta malvadeza praticada pela classe política o coitado do diabo não quer fazer negócio com ninguém. De "bem intencionados" o inferno está cheio e precisa urgentemente de um programa de controle de natalidade. Ou de avaliação rigorosa para admissão de novos inquilinos.
Já passa da hora de varrer os maus políticos do mapa e mudar os costumes partidários. Literalmente. De todas as tendências e siglas. Entendo que os cidadãos que ainda mantêm a cabeça livre  e não tem o patrulhamento, precisam assumir a missão de incentivar os eleitores a pensar e escolher melhor quem merece o voto. Estou farto de firulas. Por que não podemos agir conscientemente, sem paixões por "A" ou "B" e batalhar pela difusão do que é melhor para o nosso País, nossos Estados, nossos Municípios? Claro, para agir assim, precisamos aposentar nossas imaculadas vestes partidárias. Utopia minha? Admito, mas não desisto desse sonho maluco que me "atormenta" pela vida inteira. A hora é agora, aproveitando mais este ano eleitoral. E, rememorando a canção, "quem sabe faz a hora, não espera acontecer".

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A MULHER QUE PODE SER AQUELA DE IPANEMA

Vejo-a passando pela calçada da minha empresa. Não posso deixar de notá-la. Elegante, com vestes e bolsa que não chamam a atenção mas demonstram bom gosto pelo estilo que adota. Morena, bonita sim e com maquiagem discreta que realça ainda mais seu rosto. Simpática, trocamos sorrisos e olhares tímidos, um "Bom Dia" ou "Boa tarde" e ela segue caminhando com os passos firmes. Vai para o local de trabalho. Nestes dias de calor e sol intenso, usa óculos com lente escura, mas eu já vi seus olhos, negros e refletindo alegria e vivacidade que não consigo descrever. À medida que caminha pela calçada, deixa o ar impregnado com um doce perfume, que absorvo lentamente, como que pretendendo aprisionar sua imagem por mais tempo ainda.
A cena se repete todos os dias, mas nem sempre coincide a possibilidade de vê-la desfilando nesta imaginária passarela urbana, pois nossos horários podem não combinar. E, quando isso acontece, sinto falta de vê-la. Mas sei que ela já passou, porque o odor inconfundível do seu doce perfume permanece intacto no ar, como se me esperasse para dizer "Bom Dia" ou "Boa Tarde", seguidos da amável troca de sorrisos envergonhados. E, enquanto absorvo seu perfumo, tento imaginar qual roupa ela estaria usando. Seria o vestido florido? Seria a calça preta e a blusa verde e diáfana? Seria aquela bermuda bege clássica e a leve blusa rosa com alças? Ou hoje ela está com uma roupa mais despojada, a calça jeans e a blusa branca?
Uma curiosidade, não lembro dela usando brincos. Seus adereços também revelam discrição e bom gosto, pulseiras que não chamam atenção, mas em sua mão esquerda está sempre brilhando a reluzente aliança de ouro, alertando que é casada. Um detalhe que não pude deixar de registrar: quando não está olhando firme e com fixo no horizonte não tão distante, o celular está à mão, dedilhando quem sabe, mais uma mensagem na sua rede social.
É mulher de personalidade forte. Por que sei disso? Bem, o tempo de vida e a vivência como jornalista me proporcionaram vislumbrar um pouco da alma das pessoas. Aprendi no dia-a-dia a descobrir o íntimo de cada ser com quem cruzo. Dificilmente me engano.
Com ela não poderia ser diferente. De repente, ela passou a fazer parte da minha vida, sem querer transformou-se com sua simples passagem, na minha fonte positiva de energia. É necessário vê-la passando, para ter certeza que tudo está bem. Sei agora, quando está preocupada com as coisas rotineiras da sua vida. Sei que ela tem sonhos que ainda pretende materializá-los, muito embora alguns deles vão se tornando impossíveis. Coisas da vida, que não é só dela, agora. Imagino-a, caminhando calmamente, pés descalços na praia de areia úmida e muito limpa, veste branca e levemente tocada pela brisa marinha, sorriso enigmático nos lábios, como se fosse uma deusa grega. E sonhando, um sonho indecifrável.
Não sei porque, hoje, quando a vi passando pela minha calçada, mentalmente me veio à mente que pode ser ela uma das mulheres de Atenas, mas sei que é muito mais próxima daquela mulher de Ipanema, cantada por Vinicius. Se contar isso à ela, tenho certeza que vai sorrir, sorriso mais amplo que o de costume. Bem, como ela desfila todo dia na minha calçada - minha passarela urbana imaginária - nada melhor do que dedicar-lhe estes belos e musical versos, com permissão do Poetinha:
"Olha que coisa mais linda,
Mais cheia de graça,
É ela menina,
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar...
Moça do corpo dourado
Do sol de lpanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar....
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha....
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa,
O mundo inteirinho se enche de graça,
E fica mais lindo....
Por causa do amor...."