quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O FANTASMA DO IMPEACHMENT DA PRESIDENTE

Um fantasma ronda, afoito, o principal palácio de Brasília, aquele onde trabalha a Presidente da República. Isto, não é novidade, porque detentores de cargos políticos em todos os escalões, tem nas 24 horas do dia sobre suas cabeças a espada do impedimento, caso não obedeçam e cumpram as leis ou pratiquem malversação dos recursos públicos. Com provas materiais e comprovadas em mãos, qualquer simples cidadão pode apresentar ao Parlamento, seja ele Federal, Estadual ou Municipal, o pedido de impeachment de um governante, que seguirá rito processual próprio, com oitiva de testemunhas, investigações exaustivas e amplo direito de defesa de quem está sendo acusado. O impeachment, se comprovada a culpabilidade do denunciado, será julgado e votado pelo fôro parlamentar onde foi originalmente apresentado. É um processo longo, doloroso, danoso ao Poder constituído e com sequelas que dificilmente são sanadas.
A reeleição da Presidente Dilma Rousseff para um segundo mandato criou um divisor de águas no Pais, porque por pouco não foi derrotada pelo oponente Aécio Neves no segundo turno. O diferencial de votos foi pequeno, considerando-se o universo eleitoral brasileiro. Há quem diga que Dilma não tem legitimidade para governar. Mesmo não votando nela, não concordo com essa assertiva. Dilma foi eleita num processo democrático. Apesar das dúvidas, faltam ainda provas concretas de que ocorreu fraude na contagem dos votos nas urnas eletrônicas. O eleitor duvida desta vitória. Mesmo sem provas e sem conseguir entrar nos intrincados sistemas secretos de apuração do Tribunal Superior Eleitoral, também incluso estou no exército dos que duvidam da lisura da apuração. Porém, o resultado apresentado oficializou a reeleição da Presidente, foi diplomada e empossada e cumpre desde Janeiro o mandato para mais quatro anos. Portanto, legitimada pela Justiça Eleitoral, Dilma é a Presidente do Brasil e isso precisa ser respeitado.
Uma vez reeleita, Dilma abriu o saco de maldades do Governo, rompendo a lua de mel com a Nação. Na campanha, ela verberou contra seu principal oponente, Aécio Neves, ações que seriam danosas para o povo e conseguiu “colar” nele a imagem de que dias difíceis viriam se este fosse eleito. Usou como arma de campanha, a possível supressão de conquistas trabalhistas e sindicais, a extinção da farra dos benefícios sociais, a escalada do aumento de preços, os riscos para a economia como um todo, o aumento de impostos e criação de novos tributos, garantindo ela, que nada ocorreria se a inquilina do Palácio do Planalto não fosse substituído pelo voto. O povo, sempre zeloso com as facilidades oferecidas, acreditou nas palavras da então candidata.
Quem votou nela, em sua imensa maioria reconhece agora que foi enganado. Tudo que disse que o adversário faria, está sendo colocado em prática por Dilma. A economia nacional está em frangalhos e a corrupção veio à tona com a descoberta de desvios bilionários na Petrobras, a maior empresa do Brasil e uma das grandes do mundo. No rastro das investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal e acompanhadas com muito zelo pela Justiça Federal, a Nação, estarrecida, descobre que bilhões de reais foram desviados com maracutaias em contratos, beneficiando lobistas, empreiteiros, empresários e inúmeros partidos e – pasmem – dezenas ou centenas de atores políticos. Há um número considerável de figuras coroadas e até então respeitadas deste País, morando há vários meses em celas frias da Polícia Federal. Hoje, por exemplo, a nona etapa desta investigação foi deflagrada, atingindo em cheio o Tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vacari Neto, acusado por um delator de ser beneficiário do dinheiro sujo das propinas coletadas na fajutice dos contratos da Petrobras. Na casa de Vacari foram apreendidos pelos Federais, farta documentação e coisas mais para análise acurada. Vacari foi levado “coercitivamente” para prestar depoimento, mas consta que foi liberado muitas horas depois.
O volumoso assalto aos cofres da Petrobras provocou prejuízos da ordem de R$ 88 bilhões à empresa, conforme atestou a prestação de contas já oficializada pela sua Presidente Graça Foster. O balanço da empresa não foi ainda auditado e a suspeita de algo muito mais pavoroso nas suas contas existe, assombra o mercado. Petrobras é hoje sinônimo de pilantragem, de quadrilha acoitada na empresa e seu valor de mercado desabou. Há uma ação investigatória junto à Justiça dos Estados Unidos da América interposta por acionistas e investidores lesados. Ninguém sabe qual será o final da já reconhecida maior ação de corrupção no Brasil. Graça Foster e cinco diretores renunciaram ontem, premidos pelo clamor popular e empresarial. Já não são mais úteis ao Palácio do Planalto, à Dilma, Lula e à quadrilha instalada na empresa petrolífera e estão sendo defenestrados.
Diante do Estado em frangalhos o fantasma do impeachment da Presidente, ronda afoito e bem visível, os Palácios de Brasília. O mercado, sempre atento, já trabalha com essa incrível possibilidade e projeta cenários futuros para a governabilidade do País. Até o final do ano passado, eu por dever profissional, também analisava este possível impeachment, mesmo sem convicção, por considerar frágeis os argumentos e ilações postos à mesa. Mas, contra fatos concretos não se pode tergiversar. O rumo das investigações, o surgimento de provas inquestionáveis, o cerco apertando e comprometendo gente poderosa do Partido dos Trabalhadores, o reconhecimento de dinheiro sujo postado na última campanha eleitoral pelo País afora, favorecendo a base aliada que saltita ao redor de Dilma e do PT, levam-me a temer pelo pior para  o Governo. Dilma, acossada por todos os lados por fatos danosos inquestionáveis, não deve mais conseguir dormir o sono dos justos. Se ela cair, certamente levará de roldão centenas de outros figurões que atuam nesta bufa ópera política brasileira. É uma pena, mas o Brasil precisa, com urgência, ser passado a limpo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

MAIS UM ESPETÁCULO DEPRIMENTE

Acabo de assistir a sessão especial do Senado Federal nesta Quarta-Feira, na qual foram eleitos os nomes que ocuparão os cargos na Mesa Diretora. Como já é do conhecimento geral, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito Presidente na sessão de Domingo, em 1º. de Fevereiro, conquistando 49 votos dos 81 senadores. Renan venceu a eleição com a clara interferência e explícito apoio da ocupante do Palácio do Planalto, a Presidente Dilma Rousseff e seu partido, o PT. A Presidência do Senado nas mãos de alguém confiável - ou submisso - para o Governo é importante do ponto de vista político. O nome de Renan Calheiros é como uma luva aos interesses palacianos. Mesmo com toda a pressão do Governo, a eleição mostrou que será difícil superar as barreiras da Oposição até o ano de 2016.
Para impedir que os Senadores oposicionistas tenham notória exposição na mídia, ocupando cargos na Mesa Diretora, uma manobra nada louvável foi aplicada na sessão de votação de hoje. Uma reunião prévia entre os 10 líderes dos partidos da base aliada com o Presidente Renan, excluiu os nomes da Oposição e a lista foi apresentada ao Plenário. Não se respeitou assim, o princípio da proporcionalidade partidária com representação no Senado, instrumento que é previsto na Constituição Federal e no Regimento Interno do Senado. Como um trator descontrolado, Renan ignorou todos os apelos de vários líderes de Oposição, para que fosse respeitada a proporcionalidade. Agiu egoisticamente, curvado aos interesses daqueles que apoiaram sua candidatura.
Ignorou justificativas feitas por vários Senadores como Aécio Neves, Ronaldo Caiado, Flexa Ribeiro, Antonio Carlos Valadares e outros. No embate discursivo com Aécio, o Presidente do Senado demonstrou claro desconforto e irritação. Ronaldo Caiado colocou na mesa as pedras da verdade do xadrez que elegeu Renan: o Governo – no caso a Presidente Dilma e o Partido dos Trabalhadores – precisa de Renan e dos aliados porque nuvens negras estão concentradas sobre o céu do País, diante das dificuldades gerais da economia pública, as denúncias de corrupção na Petrobras, a possibilidade de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de dezenas de técnicos e políticos com assento nos palácios governamentais e aqueles com mandato na Câmara Federal e no Senado, em Governos e Assembléias Estaduais, por receberem propinas conforme descoberto pela Polícia Federal na esteira da investigação da Operação Lava Jato. Há quem garanta que essa investigação vai molhar com pingos grossos até a Presidente Dilma e o ex-Presidente Lula da Silva, beneficiários que seriam das propinas pagas pelas empreiteiras contratadas pela Petrobras.
O revolto mar de lama e óleo que avança com celeridade sobre os Palácios de Brasília preocupa sim. É por isso que optou-se pela tática de alijar nomes da Oposição na Mesa do Senado. Renan Calheiros não conseguiu explicar o motivo da reunião apenas com aqueles líderes que apoiaram sua eleição à Presidência do Senado, e também não respondeu ao Senador Ronaldo Caiado quando este disse que este servia a interesses outros, e não ao Parlamento brasileiro. Os líderes de Oposição acompanhados de seus Senadores abandonaram o Plenário, não participando da farsa da eleição da Mesa Diretora. Dos 49 nomes que integram a base de apoio a Renan, dois votaram contra, um se absteve e 46 aprovaram a chapa imposta.
Já assisti sessões constrangedoras na Câmara Federal e no Senado, mas a de hoje a tarde e noite foi deprimente. Senadores de cabeça baixa, olhares vagos perdidos no espaço ou mexendo em seus celulares e computadores demonstravam claramente que mesmo concordando com os argumentos da Oposição, não tinham como votar diferente. Todos aqueles senhores tinham consciência de que uma manobra política burlesca estava em curso e eles não tinham saída. Foram salvos com o benefício da votação secreta.
Afastando a Oposição, Renan mais uma vez serve aos interesses do Palácio do Planalto e resgata a fatura do apoio à sua eleição à Presidência do Senado. Ele mais do que ninguém, conhece as implicações do que está em curso neste momento. A fragilidade do Governo é claríssima. O apoio popular à Presidente Dilma que tem só 30 dias no exercício do seu segundo mandato não existe. Em Mato Grosso onde esteve na Terça Feira, foi vaiada sem dó, obrigando-a mudar seus itinerários. Cresce sob o embalo das ondas do mar de lama e óleo, o sentimento de que ela não pode continuar à frente do Governo. A voz das ruas pede cada vez mais seu impeachment, levada pela emoção e o desconforto com as medidas impopulares que a Presidente está adotando, contrariando suas falas na campanha eleitoral. Sindicatos e trabalhadores ensaiam abandoná-la à própria sorte, pois direitos trabalhistas estão sendo removidos. Donas de casa não suportam a carestia dos preços de alimentos. O empresariado está desestimulado diante da elevada carga tributária, a retração econômica, a escassez de energia elétrica, o descompasso da balança comercial e o preço exagerado dos combustíveis.
A Presidente Dilma está ás voltas com uma crise que não sabe como debelar. Foi obrigada a pedir o cargo para a Presidente da Petrobras e, horas depois, acabou surpreendida com o pedido de demissão coletiva de cinco Diretores da empresa estatal. No mercado internacional a credibilidade da Petrobras e por extensão a da própria Presidente Dilma, está em franco declínio. Nos Estados Unidos, grupos de investidores cobram judicialmente investigações nas contas da empresa, com suas ações desvalorizadas pela má gestão e a corrupção. O futuro dos dias para o Governo é neste momento, incerto. Num cenário infernal como este, com a Polícia Federal investigando nomes coroados da República, tudo pode acontecer. Assim, enquanto ainda é possível, manobras desesperadas precisam ser adotadas. Como a que passou pela eleição de Renan Calheiros para a Presidência do Senado e agora, a da exclusão da Oposição da Mesa Diretora.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

BARBÁRIE EM NOME DE DEUS!

Assisti hoje, estarrecido, o vídeo divulgado pelo grupo terrorista ISIS – aqui no Brasil reconhecido como Exército Islâmico – matando por método cruel o piloto jordaniano que era mantido como refém. Confesso que é preciso estômago forte para ver a cena do jovem piloto sendo morrendo sem a menor chance de defesa. Os terroristas islâmicos colocaram o refém em uma jaula, espalharam material inflamável sobre e dentro da mesma, criaram um canal para levar o líquido inflamável até a cela, jogaram o combustível nas roupas do prisioneiro e, simplesmente atearam fogo em tudo.
Ouvi os gritos terríveis do jovem piloto enquanto era consumido pelas chamas. Quando tudo foi queimado, os assassinos simplesmente usaram uma retroescavadeira para cobrir tudo com terra. Ressalto que todo o crime foi assistido por considerável grupo fortemente armado e que cercava a jaula onde o prisioneiro foi colocado. Observei o rosto destes “soldados” cobertos para impedir a identificação, mas em alguns closes, os olhos demonstravam um ódio cruel.
Não consigo pensar a palavra adequada para classificar este sacrifício imposto ao prisioneiro. Aliás, o mesmo sadismo tem sido demonstrado em execuções anteriores, como no caso dos dois jornalistas japoneses que, obrigados a permanecerem ajoelhados, foram degolados sem o menor resquício de piedade dos seus algozes. Estas cenas também me trouxeram à mente as imagens do tempo de infância, quando vi galos e galinhas sendo degolados com facas afiadíssimas para posteriormente serem servidos em almoços familiares. Minha mãe nunca degolou suas galinhas, preferindo o puxão no pescoço, destroncando-as, ato que também me assustava.
Retornando aos terroristas do ISIS, estes dizem agir em nome de Allah, o Deus venerado pelos muçulmanos. Não justificam porém, a razão para estes atos de insanidade e que em nada diferem dos atentados praticados em outros lugares, por homens e mulheres, jovens adolescentes e até crianças, com explosivos amarrados aos próprios corpos ou com os carros carregados com toneladas de dinamite. Ninguém esqueceu até hoje, por exemplo, o atentado de 11 de Setembro às torres do World Trade Center, nos Estados Unidos, quando aviões sequestrados foram lançados sobre os referidos prédios, causando milhares de mortos de uma só vez.
Como aceitar passivamente, que em nome de Allah, cometa-se tantas atrocidades e mortes? Tenho sobre minha mesa de trabalho dois exemplares do Alcorão, com edição bilíngue, e outro inteiramente em árabe. Já os li várias vezes, mesmo não sendo muçulmano. O texto é belo, só expressa amor e fraternidade, induz o crente a viver corretamente, em harmonia, para ter direito a viver após sua morte no paraíso. Assim declara Maomé, o profeta do Alcorão, inspirado por Allah. Os verdadeiros crentes muçulmanos não se cansam de repetir que “Allah é nosso Deus e Maomé o seu profeta”.
Os atos de violência em centenas de locais no mundo praticados por grupos extremistas que dizem ser muçulmanos, atemorizam os “infiéis”, ou seja, todos aqueles que não professam a fé contida nos ensinamentos do Alcorão. E conseguiram assim, com suas insanidades, rotular todo o povo muçulmano como pessoas propensas ao mal. Mas isto não é verdade. Os muçulmanos, os verdadeiros crentes, não compactuam com estas guerras, com os atos terroristas, com os corpos de vítimas dilacerados  em atentados de toda espécie. Também não aprovam a ação do ISIS, os pescoços dos prisioneiros sendo cortados e, penso eu, este mais recente, o de hoje, do piloto jordaniano sendo queimado vivo. Os crentes muçulmanos também estão com medo e buscam saídas para impedir a continuidade das chacinas, até agora sem conseguirem sucesso. Mas não é só o ISIS que usa a violência. O Boko Haram é outro grupo que não demonstra piedade. Os ataques na Nigéria mostram muito bem o circo de horrores, com milhares de vítimas contabilizadas. A Al Qaeda ocupou espaço generoso no mundo do terrorismo e hoje age mais no Afeganistão e Paquistão, mas seus tentáculos estão espalhados em todos os cantos do planeta, mesmo com a morte de Bin Laden, seu líder mais expoente.
Matar em nome de Allah, não é prerrogativa dos extremistas ditos muçulmanos. Basta um olhar sobre a história, para defrontarmo-nos com os Cavaleiros Templários passando pelo fio da espada os crentes muçulmanos, em nome do Deus dos cristãos, sob as bênçãos de um Papa. Vem de longe, portanto, ações bélicas escondidas sob o manto da religião, com a clara intenção impositiva de que “o meu Deus é maior e único e me ordena acabar com a vida daqueles que não o segue”. Sabemos hoje que o objetivo claro é outro, ou seja, a posse física de territórios, a material de bens e riquezas naturais e, o que é pior, subjugar pessoas e etnias. É em nome da religião que ataques terríveis são perpetrados contra aldeias simplórias incrustradas em montanhas árabes, ou do Afeganistão e Paquistão, ou no território sírio, egípcio, na Jordânia. E a guerra entre os árabes e israelense? Tudo, em nome de Deus, para manter territórios e as riquezas naturais.
A barbárie e a insanidade humana estão longe de terem um fim. Tudo só terminará no dia em que os crentes muçulmanos, os cristãos, os budistas, os espíritas, hindus, os católicos, evangélicos, os seguidores de todas as denominações religiosas e até aqueles que dizem não acreditar em nada e muito menos em divindades, decidirem que é preciso afastar o mal do coração e olhar o semelhante com ternura, sem cobiça, seguindo fielmente aquilo que professam, ou seja, o amor ao próximo e a Deus, ou Allah, Buda... estabelecendo as condições tão desejadas para vivermos no paraíso, ainda aqui neste planeta Terra, antes de ascendermos ao plano superior e desconhecido do outro lado da vida. Até que isso não aconteça, continuaremos matando humanos e praticando barbáries dando vazão à nossa sanha assassina.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

SÓ DEPENDE DE MIM!

Vivemos nós, brasileiros, acossados pelo medo. A todo instante somos atingidos por informações revelando a hecatombe governamental, empresarial e política. Basta assistir qualquer programa televisivo, para recebermos uma avalanche de negativismo. Ouvimos, calados e submissos, que os governantes em todos os escalões administrativos nada fazem, que políticas de segurança, saúde, educação, obras, etc, não funcionam a contento e como deveriam ser. Contam-nos que gestores públicos saqueiam o erário como se fossem eles os donos dos cofres e do dinheiro. Bandidos portando armas moderníssimas matam todo dia agentes da segurança pública, estes submissos a regulamentos e normas que dificultam ações para proteger a sociedade. O tráfico de drogas é praticado a céu aberto nas ruas de todas as cidades. Professores reclamam dos baixos salários e do desinteresse de alunos que não desejam aprender. O índice de desemprego é alarmante, empresas estão encerrando atividades pressionadas pela economia em declínio. O custo de vida é majorado diariamente e torna-se proibitivo até saborear o cafezinho na padaria da esquina.
Tudo isso está se refletindo no relacionamento pessoal e familiar. As pessoas andam muito ressabiadas, cabeça baixa, a autoestima prejudicada, convivendo com conflitos internos de toda espécie. Pais discutem entre si e com os filhos. Todos nós procuramos culpados para os insucessos. Tateamos às cegas, tentando encontrar a saída do labirinto em que nos metemos. Sim, fomos nós que entramos num círculo vicioso, por opção e comodismo. Fomos fracos ao nos deixarmos seduzir pelo canto das pitonisas das desgraças. Preferimos a facilidade ao invés de nos determos na prévia avaliação do que nos impingiram ao longo dos tempos.
Costumo dizer nas palestras que faço que a vida, nosso dia-a-dia, é semelhante ao ato de depararmos com o pneu do carro furado. Neste caso, vejo três coisas a serem feitas. Se alguém souber de outra, por favor, me conte. Ao olhar para o pneu furado estará à nossa disposição três ações: a primeira é abrir o porta malas, retirar o estepe e substituirmos o pneu avariado; a segunda, caso não queiramos ou não possamos aplicar o esforço pessoal com a troca, chamar um borracheiro ou algum amigo, para nos auxiliar; e a terceira ação será chorar, colocar as mãos na cabeça, descabelar-se e lamentarmos pelo infortúnio, atribuindo o incidente à nossa má sorte.
Assim é a vida. Estamos num palco com dimensões adequadas ao nosso estilo para atuarmos conforme o enredo e desempenhando o papel designado para o momento. Nada é estático neste universo, ele próprio sempre em movimento. Por que então, temos que nos acomodar e assumir um papel nada confortável de submissão e incapacidade? Fomos levados a acreditar que tudo emana do governo e que os cidadãos possuem direitos plenos. É um equívoco que está custando caro não só à Nação, mas principalmente à nós, brasileiros. Criticamos o desgoverno Federal, Estadual e Municipal, o mau desempenho dos Deputados, Senadores, Presidente da República, Governadores, Prefeitos e Vereadores, mas a cada eleição nós os reconduzimos ao centro do poder. Cobramos dos gestores ações diversas na área educacional, da saúde, na segurança, obras, etc, em discursos e perorações inflamadas, mas aceitamos passivamente que sejamos gerenciados por políticos despreparados e sabidamente interessados nos afagos e nas benesses que os cargos públicos proporcionam.
Aceitamos as migalhas que nos dão coletivamente tais gestores, endeusando e aplaudindo ações daqueles que praticam às escâncaras as mazelas. Estamos sempre buscando a zona de conforto, hilariamente assentados no comodismo e no individualismo. É possível mudar sim, o País, o Estado, a Cidade. É possível sim, vivermos imensamente melhor, mesmo que não estejamos no paraíso. Depende de quem? De mim, de você, de cada um individualmente. O pneu furado do sistema só será trocado por mim ou por você. Se mantivermos a postura da crítica pela crítica, ou nos descabelarmos com a decepção por estarmos com o pneu do sistema furado, nada acontecerá. É preciso ação, vontade para mudar, vontade para fazer acontecer. Ninguém virá em seu socorro se você continuar de cócoras, lamentando e derrotado. É próprio dos humanos, fugir dos derrotados, dos que nada tem e nada sabem. É muito mais proveitoso aproximar-se dos vitoriosos e detentores de posses diversas.
Só depende de cada um de nós a escolha do caminho a ser trilhado. Nem sempre aquele que aparenta ser tortuoso deve ser evitado. Nada se constrói sem planejamento, sacrifícios e ações. Toda hora é o momento ideal para aplicar a mudança. Como agora, por exemplo, em que vivemos um período de retração geral na economia. Atentemos para o que está nos incomodando, e busquemos cada um a saída do labirinto, sem aguardar que o governo ou alguém virá em nosso socorro. Nossa ação provocará a reação. E esta, revelará a mudança que tanto precisamos, mas que não estamos tendo a coragem para enfrentar. É preciso agir, já, agora, sempre. Nisso, Eu Acredito!