sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

UM NOVO PRESIDENTE (EU)

Cidadãs e Cidadãos Brasileiros.
Com a mercê de Deus e aquiescência da maioria do povo desta Nação, recebo a honrosa incumbência de responder pela Presidência do Brasil. Coincidentemente hoje, 1º. de Janeiro, é o dia em que se festeja a “Confraternização Universal”. Nada mais simbólico oportuno para propor a todos nós que desarmemos os espíritos convulsionados por tantos desatinos vividos no nosso País, e buscar a união para recolocar o Brasil no caminho da unidade cívica, do progresso e do bem estar social. Não posso hoje, diante de tantos e graves problemas, que este novo ciclo de administração pública seja festejado com pompa e circunstância. A situação do País é gravíssima, tanto na economia, como na decadência moral. Começamos operando sob um teto em frangalhos, seja na área institucional e com reflexos que se espalham por todos os rincões desta imensa Nação.
O governo está desacreditado por culpa de desacertos e nefastas distorções administrativas e maledicências tão reconhecidas por todos. Neste cenário terrível, não ouso propor promessa por mais simples que seja a não ser aquilo que se refere ao trabalho diuturno e uma vontade férrea e inabalável para corrigir as distorções e devolver a esperança que diluiu no coração das pessoas. É assim, com essa disposição, que peço a união de todos para que, juntos, possamos estancar a sangria econômica, eliminar a imoralidade política e da gestão dos recursos públicos, atitudes estas, que propiciarão a tão desejada e necessária reconstrução de tudo aquilo que está desfeito.
O Brasil é grande, o povo é bom, o verdadeiro espírito de Nação não foi vencido. A esperança de que é possível ressurgir das cinzas não se esvaiu por completo. Cada um de nós, ciente das adversidades presentes, sabe quais atitudes devem ser tomadas. Tudo começa com a responsabilidade atribuída ao Governante, mas este não tem o condão milagreiro nas mãos. Todos nós devemos, doravante, nos ver como iguais, sem distinções hierárquicas. A árdua tarefa da necessária reconstrução do Brasil exige que sejamos voluntária, imediata e totalmente despidos de vaidades pessoais, de interesses particulares, de buscas por vantagens escusas tanto no campo das ações particulares até nas relações com os negócios públicos. Digo isto com convicção plena, pois não há outro caminho para a tão desejada solução diante do enfrentamento da ruína do Estado.
As benesses distribuídas ao povo demonstram ao longo do tempo, que o objetivo único era aprisionar consciências, enquanto surrupiavam o Tesouro. Todos nós conhecemos a terrível sangria financeira que até aqui foi vergonhosamente roubada em conluios escusos, em detrimento do atendimento das necessidades básicas dos cidadãos brasileiros, como Saúde, Segurança, Educação, Obras, Transportes, Saneamento Básico, Cultura, Ação Social, ou seja, em todas as áreas da administração pública. São bilhões de Reais dos pesados impostos regiamente cobrados do povo e do empresariado, que deixaram de ser aplicados de forma correta e honesta.
Não podemos aceitar que um Governo comemore com euforia a ampliação e farta concessão de benefício público financeiro aos compatriotas em humilhante posição de mendicância. Estes não vivem com mãos estendidas à espera de bolsas diversas, por opção ou desejo, mas porque estão oprimidos e à margem da sociedade, por culpa da incompetência dos ditos governantes. Vejo como terrível essa situação. Não seria melhor se comemorássemos todos, que o País conseguiu diminuir a concessão de benefícios sociais? Isso sim é digno de ser festejado, porque comprovaria que conseguimos promover de forma real e efetiva, a inclusão social. Porém, sabemos nós que os benefícios ou bolsas, como queiram, são usados como moeda de troca. O governo “dá” e em troca recebe os necessários votos para ser mantido no poder. Vergonhoso, pecaminoso e ultrajante est situação, que deveremos reverter com urgência. Quem precisar de um benefício social do governo, que seja isto temporário e não a abjeta escravidão econômica do “beneficiado”. Não seria melhor que recebessem estes, apoio oficial para treinamento profissional em todas as áreas básicas e que em pouco tempo, se tornassem produtivos e conseguissem com o esforço honesto, recursos para levar o alimento à mesa da família? É isso que cuidaremos de fazer a partir de agora.
Temos pela frente a tarefa hercúlea de convencer o empresariado que doravante o Brasil tem um governo em que podem sim acreditar, que devem retomar o planejamento das organizações comerciais e industriais, promovendo a recuperação de setores essenciais devotando dias e noites de trabalho e total energia para reconstruir a indústria ferroviária, a indústria naval, a prospecção petrolífera, a construção dentro de parâmetros lógicas das hidrovias e rodovias, e implantação de políticas viáveis para estimular a construção civil e o agronegócio. Precisamos de mentes brilhantes e compromissadas atuando em todos os ramos da economia nacional. A carga tributária que é exigida do povo brasileiro e dos setores produtivos tem que ser revisada para baixo imediatamente. Não é para o amanhã distante, mas para o hoje presente. Não pode o Estado, extorquir quem produz, esta é a palavra adequada em nome de uma manutenção perdulária do Erário. Isto não é política econômica, isto é compulsão pela tomada do que deveria estar no bolso dos homens e mulheres do nosso País.

O sistema educacional também tem que ser completamente e com imediatismo revisado em todos os seus níveis de graduação. A função do Estado deve ser propiciar condições para que todos, crianças, jovens e adultos, aprendam de modo efetivo e consigam a colocação no mercado de trabalho que deve ser competitivo e com qualificação reconhecida. Não podemos mais nos dar ao luxo de pensar que estamos ensinando e alguém está aprendendo. Isso não é verdade, bem sabemos. Patrocina-se uma quase farsa educacional que não qualifica de forma adequada quem se dispõe a sentar em bancos escolares. Como buscar a desejada qualificação técnica e profissional, sem o rigor de uma disciplina e obediência à normas regimentais no ambiente de trabalho? Como permitir que os Professores sejam reféns daqueles que se postam frente à sua bancada em sala de aula, ameaçados e sem poder de ação, diante de tantos e nefastos “direitos concedidos” de uma plateia que não deseja aprender? Não, brasileiras e brasileiros, tem que ser remodelada a partir de hoje este quadro dantesco no sistema educacional. Não abriremos mão de corrigir esta distorção abjeta. A que ponto chegamos, com as “leis e concessões”, ao flagrante estágio do absurdo no sistema educacional.
Diariamente, a partir de hoje, diremos abertamente à Nação o que estamos fazendo e o que deve ser feito. Sei do desconforto que isso causará, porque nos acostumamos à leviandade, ao nefasto comodismo, à manutenção falsa do estágio econômico e social, mesmo que tudo isso seja negativo para o Brasil e para o povo. Temos que extirpar esse tumor maligno que invade todo o corpo do País. A metástase é imensa, mas a ação cirúrgica radical precisa ser imediata para restaurar a normalidade do corpo do Estado. As instituições legais tem que seguir à risca suas responsabilidades, seja no Executivo, no Judiciário e nos Legislativos. Essa é a missão que vamos realizar. A Segurança do Estado como um tudo, aqui consubstanciada pela responsabilidade constitucional do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícias Militares Estaduais e Civis, Polícia Federal e de todos os organismos legalmente existentes, está depositada nestas mãos. Que as Leis sejam cumpridas e infratores punidos conforme os preceitos judiciais existentes. Não devemos tolerar ou aceitar digressões de quem quer que seja. Afirmo com plena convicção, que ninguém, figura pública ou privada, por mais poder político, institucional ou financeiro que detenha ou represente, deve estar e agir acima das Leis ou usufruir de vantagens indevidas. Todos os cidadãos são iguais e em nome destes, a observância das leis e regras tem que ser exercidas.
Percebem todos, que tudo é exigência e responsabilidade de cada brasileiro e brasileira. do ainda próspero ao mais humilde cidadão para que a Nação possa ser reconstruída em bases sólidas e definitivas. Precisamos assumir este comprometimento com missão de retomada de crescimento econômico em bases sólidas, para que a recuperação social individual seja viável. Não é a busca por milagre nacional, mas sim o ato de agir para mudar o que está errado, para fazer o certo. Brasileiros e brasileiras têm esta responsabilidade pessoal. O Brasil pede isso. O futuro promissor depende do que faremos a partir de hoje. Não podemos mais aceitar fracassos. Não podemos continuar errando. Já aprendemos demasiado com as agruras. O tempo é de mudança radical e efetiva, consolidada para o bem geral. O Brasil precisa de você. Nós podemos ser a Nação tão sonhada. Nós queremos que isto se materialize. Só depende da consciência de cada cidadão e cidadã. Ninguém descerá sobre uma nuvem e estenderá a mão para que a recuperação seja materializada. Precisamos agir, deixar de lado o comodismo. Precisamos fazer. Então, mãos à obra, porque nada mais pode ser adiado.
Obrigado.




terça-feira, 7 de julho de 2015

MAIS UMA IDÉIA DE JERICO!

Quando penso que nada mais pode acontecer, sou surpreendido com novas "pérolas" distribuídas pela Presidente Dilma Rousseff. Penso eu, cá com meus encanecidos botões, que em tempo de crise e dificuldade vividos por um País, o povo deve ser conclamado a trabalhar mais, a produzir mais, a poupar o máximo possível, a evitar coisas supérfluas, a esquecer feriados e dias santos. Se possível, trabalhar o dobro do que já faz, sem descanso. O empresariado deve promover diminuição do custo de produção e margem de lucro sem perder a qualidade. Os governantes e agentes políticos devem esquecer as tetas mirradas da viúva e dizerem sonoro NÃO aos desmandos, aos preços superfaturados das obras públicas, aos abusivos aumentos de preços dos serviços públicos. Devem também os agentes públicos em todos os escalões, dar um BASTA À CORRUPÇÃO. Enfim, é preciso criar uma corrente positiva para que homens, mulheres e crianças, debrucem-se na ação e busca de soluções rápidas e honestas, para diminuir o impacto do que é transitoriamente impeditivo para recomposição da queda financeira geral. Mas vejam o que a Senhora Presidente oferece ao Brasil, conforme leio nos jornais matutinos.
"O "Diário Oficial da União" (DOU) traz nesta Terça-Feira a Medida Provisória 680, de 6 de Julho de 2015, que institui o Programa de Proteção ao Emprego (PPE). O programa foi anunciado ontem e permite a redução da jornada de trabalho em 30% e igual diminuição do salário do trabalhador. A perda salarial, no entanto, será parcialmente compensada pelo Governo, que vai usar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para que a redução de salário seja de, no máximo, 15%. Esse percentual, no entanto, não poderá ultrapassar R$ 900,84.
A MP entra em vigor imediatamente, mas ainda precisa ser regulamentada. Por isso, o DOU também traz um decreto (8.479) que cria o Comitê do Programa de Proteção ao Emprego (CPPE), o qual tornará operacional a MP, ao apontar as regras e os procedimentos do programa. O CPPE é composto pelos ministros da Fazenda, Trabalho, Desenvolvimento, Planejamento e Secretaria-Geral da Presidência. O custo estimado está em torno de R$ 100 milhões neste ano. A argumentação do Governo é que melhor gastar recursos preservando empregos a pagar o seguro-desemprego".
Assumir que é preciso diminuir gastos públicos, acabar com canetada os Ministérios e escritórios oficiais inúteis e claramente servindo para cabides de emprego de apaniguados, reduzir a pesada carga de impostos que sangra o bolso do povo, enfrentar a corrupção nos serviços estatais, promover crescimento da indústria, comércio e serviços, promover ações definitivas e não eleitoreiras para o resgate pleno da cidadania, isso, nem pensar.
Se continuarmos assim, com o estímulo oficial à preguiça e ócio do povo, à entrega de benefícios sociais inadequados, só nos resta uma saída: declarar a falência do Estado Espetáculo que está à nossa porta e sugerir que nos lancemos ao abismo definitivo. Se não admitimos nossos deslizes, se não fazemos nossa parte, se não plantamos a semente da verdadeira palavra em solo fértil, como esperar a colheita salvadora?
Só me resta a triste conclusão: somos brasileiros sim, mas cândidos escravos dos gestores públicos com idéias de jerico.

terça-feira, 23 de junho de 2015

CONHECI UM HOMEM SANTO!

Seu nome era Ângelo Angioni, Padre por vocação e desígnio de Deus. Nasceu na Itália mas veiopara o Brasil, mais precisamente aqui para José Bonifácio, logo após seus primeiros anos de ordenação sacerdotal. Nesta cidade viveu a maior parte de sua vida, difundindo o Evangelho de Jesus, ensinando bondade e distribuindo amor para o povo. Mesmo sendo Padre católico, sempre mereceu o respeito e admiração de evangélicos, espíritas e membros de outras crenças e isso, ninguém fazia questão de ocultar.

Conheci bem Ângelo Angioni e por toda sua vida com ele mantive estreita amizade. Criança ainda, eu e outros de minha idade, tínhamos dificuldade para pronunciar seu nome e, na nossa inocência, optamos por Padre Anjo e logo fomos seguidos por toda a cidade. Chamá-lo Padre Anjo era mais fácil que Padre Ângelo e em pouquíssimo tempo as pessoas o reconheciam assim. Na verdade, mesmo contra sua vontade, nós crianças, víamos nele um anjo. Na nossa inocência, aquele homem sempre vestido com uma batina preta apesar do calor imenso que fazia em José Bonifácio, era um anjo, pela bondade, as palavras de carinho e o costumeiro afago nas nossas cabeças quando mexia nos nossos cabelos, vendo-nos com seus olhos mansos e brilhantes, sorrindo-nos de modo muito especial. Era assim que se portava, em todos os momentos.

Naquele tempo José Bonifácio tinha três Padres apenas, todos de origem italiana: Padre Maurício Caputo já bem velhinho, Padre Anjo e Padre João Carta. Caputo, com a saúde em declínio, andava vagarosamente e só oficiava missas na Matriz, como as de encomendação de almas sempre às seis da manhã. Ficavam com os Padres Anjo e João as tarefas de administração da Paróquia, os ofícios das demais missas, dos batizados, casamentos e bênçãos fúnebres. A cidade tinha então só a imponente Igreja Matriz, consagrada à São João Batista, Padroeiro de José Bonifácio. Nesta região que era essencialmente agrícola, nas fazendas e sítios, era comum a presença de capelas.

Sei bem disso porque fui coroinha. Durante a infância e juventude, auxiliava os Padres e o Bispo no ofício das Santas Missas, dos casamentos e batizados. Todos os ritos religiosos eram proferidos em Latim. A liturgia era praticada com muita fé, reverência e profunda devoção. Os cânticos nas missas e nos demais ofícios eram ditos em latim também. Os padres e coroinhas usavam paramentos conforme o período definido por Roma. Na Quaresma por exemplo, as imagens dos Santos nas Igrejas ficavam cobertos com panos roxos, a mesma cor dos nossos paramentos. Nas missas do Tempo Pascal, nossas vestes eram brancas. Nos ofícios fúnebres, todos com roupas negras. Quando celebrávam os Pentecostes, a cor vermelha dos paramentos predominava. Tinha também vestes nas cores verde, e uma de amarela bem claro. Foi assim que passei toda minha infância e começo de juventude, cuidando da alma, aprendendo ofícios religiosos, participando da Cruzada Eucarística. Fui também Carmelita, consagrado à Confraria de Nossa Senhora do Carmo.

Com o Padre Anjo aprendi muito. Era um homem profundamente culto, adepto dos estudos, amante da literatura e das artes, músico, escritor. Tinha ele na Casa Paroquial uma imensa quantidade de livros sobre todos os assuntos, religiosos ou não, escritos em Português, Francês, Italiano, Espanhol, Grego, Latim. Livros sobre Arte, invariavelmente sobre os consagrados pintores italianos como Michelangelo, Tintoreto e muitos outros ficavam à mostra. Padre Anjo deixava que folheássemos essas preciosidades e, por sermos crianças e não sabendo ler aqueles idiomas estrangeiros, ele nos contava histórias sobre as gravuras que víamos de olhos esbugalhados, principalmente aquelas relacionadas à Capela Sistina.

Dele só recebi maravilhosos ensinamentos e orientações sobre a importância de ser bom, distribuir amor e retribuir com carinho à tudo que estivesse à nossa volta. Nunca me ameaçou com "o fogo do inferno" mas alertava para a necessidade de obedecer à Deus e seus Mandamentos, bem diferente das aulas de catequese quando era confrontado com o terror espalhado por Satanás que "está nas ruas e no seu rastro, pronto para levar sua alma". O medo do fogo eterno me levou um dia a criar coragem e pedir ao Padre Anjo para me livrar desse perigo. Ele sorriu meigamente e disse-me mais ou menos assim que, "crianças são de Jesus, o Anjo de Guarda as protege, não tenha medo. Respeite seu pai e sua mãe, reze sempre e em qualquer situação pedindo orientação à Nossa Senhora, ajude as pessoas quando elas precisarem. Não faça o mal e assim você não precisa ter medo do inferno".

Curioso é que "o medo do fogo que me consumiria se caísse em pecado" desapareceu e nas aulas semanais de catecismo, não me encolhia mais quando Dona Odete Bracci, Odete Jorge, Julieta Nassif, Glória Álvares, catequistas sempre piedosas e preocupadas com nossa salvação, revelavam os horrores que era viver após a morte em tacho de óleo fervente no reino de Satã.

Todo Domingo após o almoço, Padre Anjo ou Padre João saiam para rezar missas nas capelas rurais, sempre com um ou dois coroinhas a tiracolo. Ah!, é bom recordar que naquele tempo, "meus companheiros de batina" eram o Roberto Fagali, José Fagali, João Ciani, Joãozinho Borges, Carlinhos Bracci, Martelo, José Antonio Garcia, Nelson "Pimenta" Babos e outros cujos nomes não aparecem agora no écran da memória. Carlinhos Bracci e Martelo entraram no Seminário e foram ordenados Padres. Carlinhos faleceu e Pimenta também. Os demais estão por aí, neste mundão de Deus. Como dizia, rezavam-se missas nas tardes de Domingo nas capelas rurais e era uma festa para o coroinha escalado, poder acompanhar o Padre na viagem feita no "carro de praça", como eram conhecidos os táxis dirigidos pelo bondoso Manezão, "seu" Ermínio, Carlito Frederico, ou o Alberto Português.

Padre Anjo foi grande amigo de minha família e mantinha ótima relação de amizade com meu pai Milton Santiago, músico como ele, pintor autodidata e que a seu pedido pintou e doou à Igreja dois magníficos e imensos quadros, retratando São Sebastião e Nossa Senhora da Defesa, e que por vários anos ficaram expostos na Igreja Matriz de José Bonifácio e dos quais não sei o paradeiro. Pouco antes de completar 18 anos fui para São Paulo para estudar, trabalhar e morar com meus tios Izidoro Pagnossim e Tia Nica, ela irmã de meu pai. Foi uma mudança drástica em minha vida. Antes da viagem fui conversar com Padre Anjo, para despedir-me e relatar meus temores. Dele recebi proveitosos conselhos e benção especial, dizendo-me entre outras coisas que continuasse sendo bom moço, não mudando meu jeito de ser e que não esquecesse os ensinamentos ditos por meus pais, pelas catequistas e que nunca deixasse de rezar. E mais, que estudasse muito, sempre. E foi o que fiz e faço até hoje.

Uma coisa me incomodava. Por que Padre Anjo não podia ser um Bispo, se era íntegro, culto e devotado à Igreja? Um dia, conversei com ele sobre isso. Eu já havia retornado para José Bonifácio depois de ficar fora por 30 anos, aqui fundara um jornal e tocava a vida com simplicidade como sempre fiz. Queria saber por que ele nunca deixara de ser um simples Padre e "não merecera promoção". Sabem o que ele me respondeu, com sua humildade tão conhecida? "Deus não programou isto para mim. Meu lugar é aqui com essa gente que me acolheu tão bem, que se tornou minha família verdadeira. Tenho muita coisa para fazer aqui". E nossa conversa enveredou por várias horas, entremeada pelos meandros da política do Vaticano, as nuances dos conceitos das cartas encíclicas Rerum Novarum (Papa Leão XIII), Mater et Magistra e Pacem in Terris (Papa João XXIII), os caminhos que a Igreja estava tomando com as mudanças em andamento nos ritos litúrgicos, etc. Era muito bom conversar com ele, uma "palestra magna", que sempre me maravilhava e aprendia embevecido.

Ele era assim, desprovido de vaidade e apego às coisas materiais. Sua batina negra era humilde e surrada. Seu carro – ou melhor, da Igreja – era um Fusquinha branco, antigo, usado apenas para levá-lo nas visitas diárias às pessoas doentes ou nos locais onde rezava missas. Sua vida era restrita às dependências da Casa Paroquial e ao interior da Igreja. Suas horas eram ocupadas pela oração meditativa, aos estudos e dedicada aos vários livros que escreveu. Tenho comigo, dado por ele como presente, um raro exemplar de "Quem, como Deus?", que assina com o pseudônimo Mikael, de leitura profunda e filosófica.

Foram muitas as nossas "prosas", eu jornalista, depois que retornei de São Paulo. Acho que muito mais por bondade e curiosidade, é que ele gostava quando trocávamos ideias, principalmente as que enveredavam para o campo político. Dele recebei incontáveis lições, defensor que era do conceito da democracia cristã. Não havia corrupção explícita praticada pelos ocupantes de cargos públicos como nos dias de hoje, mas Padre Anjo me recomendava em todas as oportunidades que minha missão como jornalista era sagrada, importante para a comunidade onde atuasse, e que deveria pautar-me pela difusão da verdade, não importando quem seja o governante. "Você deve escrever sobre os fatos como eles são. Quem está governando deve explicações ao povo em qualquer situação. O dinheiro dos impostos é sagrado e deve ser aplicado para beneficiar e não para cair nos bolsos pessoais de alguém. O jornalista deve ficar atento ao que o governo faz. E você, na posição que está, tem que ser o defensor dos fracos e dos oprimidos. Você, querendo ou não, enquanto jornalista, é como um discípulo de Jesus, precisa pregar e defender os bons costumes."

Quando ficou doente vitimado pelo primeiro AVC em pleno altar oficiando uma missa, perdeu parcialmente a mobilidade física, mas conseguiu manter a mente ativa. Era levado de um lado para outro em cadeira de rodas, participava de algumas missas, tomava seu obrigatório banho de sol na Praça da Matriz, visitava diariamente o Colégio Coração Imaculado de Maria por ele fundado, e mesmo com dificuldade, enquanto pode sinalizava orientações aos paroquianos. Depois veio outro AVC, terrível, que o manteve em coma profundo por vários anos, até o dia em que Deus decidiu que era o momento de morrer.

Padre Anjo viveu e morreu como um santo. Atribuem-lhe milagres e eu conheço pessoas que atestam sua intercesão nas curas de suas doenças. Atesto que estavam doentes sim e de forma estupenda recobraram a saúde. Tramita um processo conforme o rito canônico na Igreja Católica, propondo sua beatificação. Mas, independentemente disso acontecer, para nós, o Padre Angelo Angioni é reconhecido e aceito como Santo.

Seu funeral foi comovente e entristeceu não só seus paroquianos de José Bonifácio, mas os de todas as cidades da região. Milhares de pessoas de todos os credos prestaram-lhe merecidas honras fúnebres. Seu corpo foi recolhido à cripta especialmente construída na Igreja Matriz. Eu estava lá, despedindo em prantos, do meu querido amigo Padre Anjo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O FANTASMA DO IMPEACHMENT DA PRESIDENTE

Um fantasma ronda, afoito, o principal palácio de Brasília, aquele onde trabalha a Presidente da República. Isto, não é novidade, porque detentores de cargos políticos em todos os escalões, tem nas 24 horas do dia sobre suas cabeças a espada do impedimento, caso não obedeçam e cumpram as leis ou pratiquem malversação dos recursos públicos. Com provas materiais e comprovadas em mãos, qualquer simples cidadão pode apresentar ao Parlamento, seja ele Federal, Estadual ou Municipal, o pedido de impeachment de um governante, que seguirá rito processual próprio, com oitiva de testemunhas, investigações exaustivas e amplo direito de defesa de quem está sendo acusado. O impeachment, se comprovada a culpabilidade do denunciado, será julgado e votado pelo fôro parlamentar onde foi originalmente apresentado. É um processo longo, doloroso, danoso ao Poder constituído e com sequelas que dificilmente são sanadas.
A reeleição da Presidente Dilma Rousseff para um segundo mandato criou um divisor de águas no Pais, porque por pouco não foi derrotada pelo oponente Aécio Neves no segundo turno. O diferencial de votos foi pequeno, considerando-se o universo eleitoral brasileiro. Há quem diga que Dilma não tem legitimidade para governar. Mesmo não votando nela, não concordo com essa assertiva. Dilma foi eleita num processo democrático. Apesar das dúvidas, faltam ainda provas concretas de que ocorreu fraude na contagem dos votos nas urnas eletrônicas. O eleitor duvida desta vitória. Mesmo sem provas e sem conseguir entrar nos intrincados sistemas secretos de apuração do Tribunal Superior Eleitoral, também incluso estou no exército dos que duvidam da lisura da apuração. Porém, o resultado apresentado oficializou a reeleição da Presidente, foi diplomada e empossada e cumpre desde Janeiro o mandato para mais quatro anos. Portanto, legitimada pela Justiça Eleitoral, Dilma é a Presidente do Brasil e isso precisa ser respeitado.
Uma vez reeleita, Dilma abriu o saco de maldades do Governo, rompendo a lua de mel com a Nação. Na campanha, ela verberou contra seu principal oponente, Aécio Neves, ações que seriam danosas para o povo e conseguiu “colar” nele a imagem de que dias difíceis viriam se este fosse eleito. Usou como arma de campanha, a possível supressão de conquistas trabalhistas e sindicais, a extinção da farra dos benefícios sociais, a escalada do aumento de preços, os riscos para a economia como um todo, o aumento de impostos e criação de novos tributos, garantindo ela, que nada ocorreria se a inquilina do Palácio do Planalto não fosse substituído pelo voto. O povo, sempre zeloso com as facilidades oferecidas, acreditou nas palavras da então candidata.
Quem votou nela, em sua imensa maioria reconhece agora que foi enganado. Tudo que disse que o adversário faria, está sendo colocado em prática por Dilma. A economia nacional está em frangalhos e a corrupção veio à tona com a descoberta de desvios bilionários na Petrobras, a maior empresa do Brasil e uma das grandes do mundo. No rastro das investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal e acompanhadas com muito zelo pela Justiça Federal, a Nação, estarrecida, descobre que bilhões de reais foram desviados com maracutaias em contratos, beneficiando lobistas, empreiteiros, empresários e inúmeros partidos e – pasmem – dezenas ou centenas de atores políticos. Há um número considerável de figuras coroadas e até então respeitadas deste País, morando há vários meses em celas frias da Polícia Federal. Hoje, por exemplo, a nona etapa desta investigação foi deflagrada, atingindo em cheio o Tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vacari Neto, acusado por um delator de ser beneficiário do dinheiro sujo das propinas coletadas na fajutice dos contratos da Petrobras. Na casa de Vacari foram apreendidos pelos Federais, farta documentação e coisas mais para análise acurada. Vacari foi levado “coercitivamente” para prestar depoimento, mas consta que foi liberado muitas horas depois.
O volumoso assalto aos cofres da Petrobras provocou prejuízos da ordem de R$ 88 bilhões à empresa, conforme atestou a prestação de contas já oficializada pela sua Presidente Graça Foster. O balanço da empresa não foi ainda auditado e a suspeita de algo muito mais pavoroso nas suas contas existe, assombra o mercado. Petrobras é hoje sinônimo de pilantragem, de quadrilha acoitada na empresa e seu valor de mercado desabou. Há uma ação investigatória junto à Justiça dos Estados Unidos da América interposta por acionistas e investidores lesados. Ninguém sabe qual será o final da já reconhecida maior ação de corrupção no Brasil. Graça Foster e cinco diretores renunciaram ontem, premidos pelo clamor popular e empresarial. Já não são mais úteis ao Palácio do Planalto, à Dilma, Lula e à quadrilha instalada na empresa petrolífera e estão sendo defenestrados.
Diante do Estado em frangalhos o fantasma do impeachment da Presidente, ronda afoito e bem visível, os Palácios de Brasília. O mercado, sempre atento, já trabalha com essa incrível possibilidade e projeta cenários futuros para a governabilidade do País. Até o final do ano passado, eu por dever profissional, também analisava este possível impeachment, mesmo sem convicção, por considerar frágeis os argumentos e ilações postos à mesa. Mas, contra fatos concretos não se pode tergiversar. O rumo das investigações, o surgimento de provas inquestionáveis, o cerco apertando e comprometendo gente poderosa do Partido dos Trabalhadores, o reconhecimento de dinheiro sujo postado na última campanha eleitoral pelo País afora, favorecendo a base aliada que saltita ao redor de Dilma e do PT, levam-me a temer pelo pior para  o Governo. Dilma, acossada por todos os lados por fatos danosos inquestionáveis, não deve mais conseguir dormir o sono dos justos. Se ela cair, certamente levará de roldão centenas de outros figurões que atuam nesta bufa ópera política brasileira. É uma pena, mas o Brasil precisa, com urgência, ser passado a limpo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

MAIS UM ESPETÁCULO DEPRIMENTE

Acabo de assistir a sessão especial do Senado Federal nesta Quarta-Feira, na qual foram eleitos os nomes que ocuparão os cargos na Mesa Diretora. Como já é do conhecimento geral, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito Presidente na sessão de Domingo, em 1º. de Fevereiro, conquistando 49 votos dos 81 senadores. Renan venceu a eleição com a clara interferência e explícito apoio da ocupante do Palácio do Planalto, a Presidente Dilma Rousseff e seu partido, o PT. A Presidência do Senado nas mãos de alguém confiável - ou submisso - para o Governo é importante do ponto de vista político. O nome de Renan Calheiros é como uma luva aos interesses palacianos. Mesmo com toda a pressão do Governo, a eleição mostrou que será difícil superar as barreiras da Oposição até o ano de 2016.
Para impedir que os Senadores oposicionistas tenham notória exposição na mídia, ocupando cargos na Mesa Diretora, uma manobra nada louvável foi aplicada na sessão de votação de hoje. Uma reunião prévia entre os 10 líderes dos partidos da base aliada com o Presidente Renan, excluiu os nomes da Oposição e a lista foi apresentada ao Plenário. Não se respeitou assim, o princípio da proporcionalidade partidária com representação no Senado, instrumento que é previsto na Constituição Federal e no Regimento Interno do Senado. Como um trator descontrolado, Renan ignorou todos os apelos de vários líderes de Oposição, para que fosse respeitada a proporcionalidade. Agiu egoisticamente, curvado aos interesses daqueles que apoiaram sua candidatura.
Ignorou justificativas feitas por vários Senadores como Aécio Neves, Ronaldo Caiado, Flexa Ribeiro, Antonio Carlos Valadares e outros. No embate discursivo com Aécio, o Presidente do Senado demonstrou claro desconforto e irritação. Ronaldo Caiado colocou na mesa as pedras da verdade do xadrez que elegeu Renan: o Governo – no caso a Presidente Dilma e o Partido dos Trabalhadores – precisa de Renan e dos aliados porque nuvens negras estão concentradas sobre o céu do País, diante das dificuldades gerais da economia pública, as denúncias de corrupção na Petrobras, a possibilidade de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de dezenas de técnicos e políticos com assento nos palácios governamentais e aqueles com mandato na Câmara Federal e no Senado, em Governos e Assembléias Estaduais, por receberem propinas conforme descoberto pela Polícia Federal na esteira da investigação da Operação Lava Jato. Há quem garanta que essa investigação vai molhar com pingos grossos até a Presidente Dilma e o ex-Presidente Lula da Silva, beneficiários que seriam das propinas pagas pelas empreiteiras contratadas pela Petrobras.
O revolto mar de lama e óleo que avança com celeridade sobre os Palácios de Brasília preocupa sim. É por isso que optou-se pela tática de alijar nomes da Oposição na Mesa do Senado. Renan Calheiros não conseguiu explicar o motivo da reunião apenas com aqueles líderes que apoiaram sua eleição à Presidência do Senado, e também não respondeu ao Senador Ronaldo Caiado quando este disse que este servia a interesses outros, e não ao Parlamento brasileiro. Os líderes de Oposição acompanhados de seus Senadores abandonaram o Plenário, não participando da farsa da eleição da Mesa Diretora. Dos 49 nomes que integram a base de apoio a Renan, dois votaram contra, um se absteve e 46 aprovaram a chapa imposta.
Já assisti sessões constrangedoras na Câmara Federal e no Senado, mas a de hoje a tarde e noite foi deprimente. Senadores de cabeça baixa, olhares vagos perdidos no espaço ou mexendo em seus celulares e computadores demonstravam claramente que mesmo concordando com os argumentos da Oposição, não tinham como votar diferente. Todos aqueles senhores tinham consciência de que uma manobra política burlesca estava em curso e eles não tinham saída. Foram salvos com o benefício da votação secreta.
Afastando a Oposição, Renan mais uma vez serve aos interesses do Palácio do Planalto e resgata a fatura do apoio à sua eleição à Presidência do Senado. Ele mais do que ninguém, conhece as implicações do que está em curso neste momento. A fragilidade do Governo é claríssima. O apoio popular à Presidente Dilma que tem só 30 dias no exercício do seu segundo mandato não existe. Em Mato Grosso onde esteve na Terça Feira, foi vaiada sem dó, obrigando-a mudar seus itinerários. Cresce sob o embalo das ondas do mar de lama e óleo, o sentimento de que ela não pode continuar à frente do Governo. A voz das ruas pede cada vez mais seu impeachment, levada pela emoção e o desconforto com as medidas impopulares que a Presidente está adotando, contrariando suas falas na campanha eleitoral. Sindicatos e trabalhadores ensaiam abandoná-la à própria sorte, pois direitos trabalhistas estão sendo removidos. Donas de casa não suportam a carestia dos preços de alimentos. O empresariado está desestimulado diante da elevada carga tributária, a retração econômica, a escassez de energia elétrica, o descompasso da balança comercial e o preço exagerado dos combustíveis.
A Presidente Dilma está ás voltas com uma crise que não sabe como debelar. Foi obrigada a pedir o cargo para a Presidente da Petrobras e, horas depois, acabou surpreendida com o pedido de demissão coletiva de cinco Diretores da empresa estatal. No mercado internacional a credibilidade da Petrobras e por extensão a da própria Presidente Dilma, está em franco declínio. Nos Estados Unidos, grupos de investidores cobram judicialmente investigações nas contas da empresa, com suas ações desvalorizadas pela má gestão e a corrupção. O futuro dos dias para o Governo é neste momento, incerto. Num cenário infernal como este, com a Polícia Federal investigando nomes coroados da República, tudo pode acontecer. Assim, enquanto ainda é possível, manobras desesperadas precisam ser adotadas. Como a que passou pela eleição de Renan Calheiros para a Presidência do Senado e agora, a da exclusão da Oposição da Mesa Diretora.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

BARBÁRIE EM NOME DE DEUS!

Assisti hoje, estarrecido, o vídeo divulgado pelo grupo terrorista ISIS – aqui no Brasil reconhecido como Exército Islâmico – matando por método cruel o piloto jordaniano que era mantido como refém. Confesso que é preciso estômago forte para ver a cena do jovem piloto sendo morrendo sem a menor chance de defesa. Os terroristas islâmicos colocaram o refém em uma jaula, espalharam material inflamável sobre e dentro da mesma, criaram um canal para levar o líquido inflamável até a cela, jogaram o combustível nas roupas do prisioneiro e, simplesmente atearam fogo em tudo.
Ouvi os gritos terríveis do jovem piloto enquanto era consumido pelas chamas. Quando tudo foi queimado, os assassinos simplesmente usaram uma retroescavadeira para cobrir tudo com terra. Ressalto que todo o crime foi assistido por considerável grupo fortemente armado e que cercava a jaula onde o prisioneiro foi colocado. Observei o rosto destes “soldados” cobertos para impedir a identificação, mas em alguns closes, os olhos demonstravam um ódio cruel.
Não consigo pensar a palavra adequada para classificar este sacrifício imposto ao prisioneiro. Aliás, o mesmo sadismo tem sido demonstrado em execuções anteriores, como no caso dos dois jornalistas japoneses que, obrigados a permanecerem ajoelhados, foram degolados sem o menor resquício de piedade dos seus algozes. Estas cenas também me trouxeram à mente as imagens do tempo de infância, quando vi galos e galinhas sendo degolados com facas afiadíssimas para posteriormente serem servidos em almoços familiares. Minha mãe nunca degolou suas galinhas, preferindo o puxão no pescoço, destroncando-as, ato que também me assustava.
Retornando aos terroristas do ISIS, estes dizem agir em nome de Allah, o Deus venerado pelos muçulmanos. Não justificam porém, a razão para estes atos de insanidade e que em nada diferem dos atentados praticados em outros lugares, por homens e mulheres, jovens adolescentes e até crianças, com explosivos amarrados aos próprios corpos ou com os carros carregados com toneladas de dinamite. Ninguém esqueceu até hoje, por exemplo, o atentado de 11 de Setembro às torres do World Trade Center, nos Estados Unidos, quando aviões sequestrados foram lançados sobre os referidos prédios, causando milhares de mortos de uma só vez.
Como aceitar passivamente, que em nome de Allah, cometa-se tantas atrocidades e mortes? Tenho sobre minha mesa de trabalho dois exemplares do Alcorão, com edição bilíngue, e outro inteiramente em árabe. Já os li várias vezes, mesmo não sendo muçulmano. O texto é belo, só expressa amor e fraternidade, induz o crente a viver corretamente, em harmonia, para ter direito a viver após sua morte no paraíso. Assim declara Maomé, o profeta do Alcorão, inspirado por Allah. Os verdadeiros crentes muçulmanos não se cansam de repetir que “Allah é nosso Deus e Maomé o seu profeta”.
Os atos de violência em centenas de locais no mundo praticados por grupos extremistas que dizem ser muçulmanos, atemorizam os “infiéis”, ou seja, todos aqueles que não professam a fé contida nos ensinamentos do Alcorão. E conseguiram assim, com suas insanidades, rotular todo o povo muçulmano como pessoas propensas ao mal. Mas isto não é verdade. Os muçulmanos, os verdadeiros crentes, não compactuam com estas guerras, com os atos terroristas, com os corpos de vítimas dilacerados  em atentados de toda espécie. Também não aprovam a ação do ISIS, os pescoços dos prisioneiros sendo cortados e, penso eu, este mais recente, o de hoje, do piloto jordaniano sendo queimado vivo. Os crentes muçulmanos também estão com medo e buscam saídas para impedir a continuidade das chacinas, até agora sem conseguirem sucesso. Mas não é só o ISIS que usa a violência. O Boko Haram é outro grupo que não demonstra piedade. Os ataques na Nigéria mostram muito bem o circo de horrores, com milhares de vítimas contabilizadas. A Al Qaeda ocupou espaço generoso no mundo do terrorismo e hoje age mais no Afeganistão e Paquistão, mas seus tentáculos estão espalhados em todos os cantos do planeta, mesmo com a morte de Bin Laden, seu líder mais expoente.
Matar em nome de Allah, não é prerrogativa dos extremistas ditos muçulmanos. Basta um olhar sobre a história, para defrontarmo-nos com os Cavaleiros Templários passando pelo fio da espada os crentes muçulmanos, em nome do Deus dos cristãos, sob as bênçãos de um Papa. Vem de longe, portanto, ações bélicas escondidas sob o manto da religião, com a clara intenção impositiva de que “o meu Deus é maior e único e me ordena acabar com a vida daqueles que não o segue”. Sabemos hoje que o objetivo claro é outro, ou seja, a posse física de territórios, a material de bens e riquezas naturais e, o que é pior, subjugar pessoas e etnias. É em nome da religião que ataques terríveis são perpetrados contra aldeias simplórias incrustradas em montanhas árabes, ou do Afeganistão e Paquistão, ou no território sírio, egípcio, na Jordânia. E a guerra entre os árabes e israelense? Tudo, em nome de Deus, para manter territórios e as riquezas naturais.
A barbárie e a insanidade humana estão longe de terem um fim. Tudo só terminará no dia em que os crentes muçulmanos, os cristãos, os budistas, os espíritas, hindus, os católicos, evangélicos, os seguidores de todas as denominações religiosas e até aqueles que dizem não acreditar em nada e muito menos em divindades, decidirem que é preciso afastar o mal do coração e olhar o semelhante com ternura, sem cobiça, seguindo fielmente aquilo que professam, ou seja, o amor ao próximo e a Deus, ou Allah, Buda... estabelecendo as condições tão desejadas para vivermos no paraíso, ainda aqui neste planeta Terra, antes de ascendermos ao plano superior e desconhecido do outro lado da vida. Até que isso não aconteça, continuaremos matando humanos e praticando barbáries dando vazão à nossa sanha assassina.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

SÓ DEPENDE DE MIM!

Vivemos nós, brasileiros, acossados pelo medo. A todo instante somos atingidos por informações revelando a hecatombe governamental, empresarial e política. Basta assistir qualquer programa televisivo, para recebermos uma avalanche de negativismo. Ouvimos, calados e submissos, que os governantes em todos os escalões administrativos nada fazem, que políticas de segurança, saúde, educação, obras, etc, não funcionam a contento e como deveriam ser. Contam-nos que gestores públicos saqueiam o erário como se fossem eles os donos dos cofres e do dinheiro. Bandidos portando armas moderníssimas matam todo dia agentes da segurança pública, estes submissos a regulamentos e normas que dificultam ações para proteger a sociedade. O tráfico de drogas é praticado a céu aberto nas ruas de todas as cidades. Professores reclamam dos baixos salários e do desinteresse de alunos que não desejam aprender. O índice de desemprego é alarmante, empresas estão encerrando atividades pressionadas pela economia em declínio. O custo de vida é majorado diariamente e torna-se proibitivo até saborear o cafezinho na padaria da esquina.
Tudo isso está se refletindo no relacionamento pessoal e familiar. As pessoas andam muito ressabiadas, cabeça baixa, a autoestima prejudicada, convivendo com conflitos internos de toda espécie. Pais discutem entre si e com os filhos. Todos nós procuramos culpados para os insucessos. Tateamos às cegas, tentando encontrar a saída do labirinto em que nos metemos. Sim, fomos nós que entramos num círculo vicioso, por opção e comodismo. Fomos fracos ao nos deixarmos seduzir pelo canto das pitonisas das desgraças. Preferimos a facilidade ao invés de nos determos na prévia avaliação do que nos impingiram ao longo dos tempos.
Costumo dizer nas palestras que faço que a vida, nosso dia-a-dia, é semelhante ao ato de depararmos com o pneu do carro furado. Neste caso, vejo três coisas a serem feitas. Se alguém souber de outra, por favor, me conte. Ao olhar para o pneu furado estará à nossa disposição três ações: a primeira é abrir o porta malas, retirar o estepe e substituirmos o pneu avariado; a segunda, caso não queiramos ou não possamos aplicar o esforço pessoal com a troca, chamar um borracheiro ou algum amigo, para nos auxiliar; e a terceira ação será chorar, colocar as mãos na cabeça, descabelar-se e lamentarmos pelo infortúnio, atribuindo o incidente à nossa má sorte.
Assim é a vida. Estamos num palco com dimensões adequadas ao nosso estilo para atuarmos conforme o enredo e desempenhando o papel designado para o momento. Nada é estático neste universo, ele próprio sempre em movimento. Por que então, temos que nos acomodar e assumir um papel nada confortável de submissão e incapacidade? Fomos levados a acreditar que tudo emana do governo e que os cidadãos possuem direitos plenos. É um equívoco que está custando caro não só à Nação, mas principalmente à nós, brasileiros. Criticamos o desgoverno Federal, Estadual e Municipal, o mau desempenho dos Deputados, Senadores, Presidente da República, Governadores, Prefeitos e Vereadores, mas a cada eleição nós os reconduzimos ao centro do poder. Cobramos dos gestores ações diversas na área educacional, da saúde, na segurança, obras, etc, em discursos e perorações inflamadas, mas aceitamos passivamente que sejamos gerenciados por políticos despreparados e sabidamente interessados nos afagos e nas benesses que os cargos públicos proporcionam.
Aceitamos as migalhas que nos dão coletivamente tais gestores, endeusando e aplaudindo ações daqueles que praticam às escâncaras as mazelas. Estamos sempre buscando a zona de conforto, hilariamente assentados no comodismo e no individualismo. É possível mudar sim, o País, o Estado, a Cidade. É possível sim, vivermos imensamente melhor, mesmo que não estejamos no paraíso. Depende de quem? De mim, de você, de cada um individualmente. O pneu furado do sistema só será trocado por mim ou por você. Se mantivermos a postura da crítica pela crítica, ou nos descabelarmos com a decepção por estarmos com o pneu do sistema furado, nada acontecerá. É preciso ação, vontade para mudar, vontade para fazer acontecer. Ninguém virá em seu socorro se você continuar de cócoras, lamentando e derrotado. É próprio dos humanos, fugir dos derrotados, dos que nada tem e nada sabem. É muito mais proveitoso aproximar-se dos vitoriosos e detentores de posses diversas.
Só depende de cada um de nós a escolha do caminho a ser trilhado. Nem sempre aquele que aparenta ser tortuoso deve ser evitado. Nada se constrói sem planejamento, sacrifícios e ações. Toda hora é o momento ideal para aplicar a mudança. Como agora, por exemplo, em que vivemos um período de retração geral na economia. Atentemos para o que está nos incomodando, e busquemos cada um a saída do labirinto, sem aguardar que o governo ou alguém virá em nosso socorro. Nossa ação provocará a reação. E esta, revelará a mudança que tanto precisamos, mas que não estamos tendo a coragem para enfrentar. É preciso agir, já, agora, sempre. Nisso, Eu Acredito!