Vivemos nós, brasileiros, acossados pelo medo. A todo
instante somos atingidos por informações revelando a hecatombe governamental,
empresarial e política. Basta assistir qualquer programa televisivo, para
recebermos uma avalanche de negativismo. Ouvimos, calados e submissos, que os
governantes em todos os escalões administrativos nada fazem, que políticas de
segurança, saúde, educação, obras, etc, não funcionam a contento e como
deveriam ser. Contam-nos que gestores públicos saqueiam o erário como se fossem
eles os donos dos cofres e do dinheiro. Bandidos portando armas moderníssimas
matam todo dia agentes da segurança pública, estes submissos a regulamentos e
normas que dificultam ações para proteger a sociedade. O tráfico de drogas é
praticado a céu aberto nas ruas de todas as cidades. Professores reclamam dos
baixos salários e do desinteresse de alunos que não desejam aprender. O índice
de desemprego é alarmante, empresas estão encerrando atividades pressionadas
pela economia em declínio. O custo de vida é majorado diariamente e torna-se
proibitivo até saborear o cafezinho na padaria da esquina.
Tudo isso está se refletindo no relacionamento pessoal e
familiar. As pessoas andam muito ressabiadas, cabeça baixa, a autoestima prejudicada,
convivendo com conflitos internos de toda espécie. Pais discutem entre si e com
os filhos. Todos nós procuramos culpados para os insucessos. Tateamos às cegas,
tentando encontrar a saída do labirinto em que nos metemos. Sim, fomos nós que
entramos num círculo vicioso, por opção e comodismo. Fomos fracos ao nos
deixarmos seduzir pelo canto das pitonisas das desgraças. Preferimos a
facilidade ao invés de nos determos na prévia avaliação do que nos impingiram
ao longo dos tempos.
Costumo dizer nas palestras que faço que a vida, nosso
dia-a-dia, é semelhante ao ato de depararmos com o pneu do carro furado. Neste
caso, vejo três coisas a serem feitas. Se alguém souber de outra, por favor, me
conte. Ao olhar para o pneu furado estará à nossa disposição três ações: a primeira
é abrir o porta malas, retirar o estepe e substituirmos o pneu avariado; a
segunda, caso não queiramos ou não possamos aplicar o esforço pessoal com a
troca, chamar um borracheiro ou algum amigo, para nos auxiliar; e a terceira
ação será chorar, colocar as mãos na cabeça, descabelar-se e lamentarmos pelo
infortúnio, atribuindo o incidente à nossa má sorte.
Assim é a vida. Estamos num palco com dimensões adequadas ao
nosso estilo para atuarmos conforme o enredo e desempenhando o papel designado
para o momento. Nada é estático neste universo, ele próprio sempre em
movimento. Por que então, temos que nos acomodar e assumir um papel nada
confortável de submissão e incapacidade? Fomos levados a acreditar que tudo
emana do governo e que os cidadãos possuem direitos plenos. É um equívoco que
está custando caro não só à Nação, mas principalmente à nós, brasileiros.
Criticamos o desgoverno Federal, Estadual e Municipal, o mau desempenho dos
Deputados, Senadores, Presidente da República, Governadores, Prefeitos e
Vereadores, mas a cada eleição nós os reconduzimos ao centro do poder. Cobramos
dos gestores ações diversas na área educacional, da saúde, na segurança, obras,
etc, em discursos e perorações inflamadas, mas aceitamos passivamente que sejamos
gerenciados por políticos despreparados e sabidamente interessados nos afagos e
nas benesses que os cargos públicos proporcionam.
Aceitamos as migalhas que nos dão coletivamente tais
gestores, endeusando e aplaudindo ações daqueles que praticam às escâncaras as
mazelas. Estamos sempre buscando a zona de conforto, hilariamente assentados no
comodismo e no individualismo. É possível mudar sim, o País, o Estado, a
Cidade. É possível sim, vivermos imensamente melhor, mesmo que não estejamos no
paraíso. Depende de quem? De mim, de você, de cada um individualmente. O pneu
furado do sistema só será trocado por mim ou por você. Se mantivermos a postura
da crítica pela crítica, ou nos descabelarmos com a decepção por estarmos com o
pneu do sistema furado, nada acontecerá. É preciso ação, vontade para mudar,
vontade para fazer acontecer. Ninguém virá em seu socorro se você continuar de
cócoras, lamentando e derrotado. É próprio dos humanos, fugir dos derrotados,
dos que nada tem e nada sabem. É muito mais proveitoso aproximar-se dos
vitoriosos e detentores de posses diversas.
Só depende de cada um de nós a escolha do caminho a ser
trilhado. Nem sempre aquele que aparenta ser tortuoso deve ser evitado. Nada se
constrói sem planejamento, sacrifícios e ações. Toda hora é o momento ideal
para aplicar a mudança. Como agora, por exemplo, em que vivemos um período de
retração geral na economia. Atentemos para o que está nos incomodando, e
busquemos cada um a saída do labirinto, sem aguardar que o governo ou alguém
virá em nosso socorro. Nossa ação provocará a reação. E esta, revelará a
mudança que tanto precisamos, mas que não estamos tendo a coragem para
enfrentar. É preciso agir, já, agora, sempre. Nisso, Eu Acredito!
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