Um fantasma ronda, afoito, o principal palácio de Brasília, aquele onde
trabalha a Presidente da República. Isto, não é novidade, porque detentores de
cargos políticos em todos os escalões, tem nas 24 horas do dia sobre suas
cabeças a espada do impedimento, caso não obedeçam e cumpram as leis ou
pratiquem malversação dos recursos públicos. Com provas materiais e comprovadas
em mãos, qualquer simples cidadão pode apresentar ao Parlamento, seja ele
Federal, Estadual ou Municipal, o pedido de impeachment de um governante, que seguirá rito
processual próprio, com oitiva de testemunhas, investigações exaustivas e amplo
direito de defesa de quem está sendo acusado. O impeachment, se comprovada a
culpabilidade do denunciado, será julgado e votado pelo fôro parlamentar onde
foi originalmente apresentado. É um processo longo, doloroso, danoso ao Poder
constituído e com sequelas que dificilmente são sanadas.
A reeleição da Presidente Dilma Rousseff para um segundo
mandato criou um divisor de águas no Pais, porque por pouco não foi derrotada
pelo oponente Aécio Neves no segundo turno. O diferencial de votos foi pequeno,
considerando-se o universo eleitoral brasileiro. Há quem diga que Dilma não tem
legitimidade para governar. Mesmo não votando nela, não concordo com essa
assertiva. Dilma foi eleita num processo democrático. Apesar das dúvidas,
faltam ainda provas concretas de que ocorreu fraude na contagem dos votos nas
urnas eletrônicas. O eleitor duvida desta vitória. Mesmo sem provas e sem
conseguir entrar nos intrincados sistemas secretos de apuração do Tribunal
Superior Eleitoral, também incluso estou no exército dos que duvidam da lisura
da apuração. Porém, o resultado apresentado oficializou a reeleição da
Presidente, foi diplomada e empossada e cumpre desde Janeiro o mandato para
mais quatro anos. Portanto, legitimada pela Justiça Eleitoral, Dilma é a
Presidente do Brasil e isso precisa ser respeitado.
Uma vez reeleita, Dilma abriu o saco de maldades do Governo,
rompendo a lua de mel com a Nação. Na campanha, ela verberou contra seu
principal oponente, Aécio Neves, ações que seriam danosas para o povo e conseguiu
“colar” nele a imagem de que dias difíceis viriam se este fosse eleito. Usou
como arma de campanha, a possível supressão de conquistas trabalhistas e sindicais, a extinção da
farra dos benefícios sociais, a escalada do aumento de preços, os riscos para a
economia como um todo, o aumento de impostos e criação de novos tributos,
garantindo ela, que nada ocorreria se a inquilina do Palácio do Planalto não
fosse substituído pelo voto. O povo, sempre zeloso com as facilidades
oferecidas, acreditou nas palavras da então candidata.
Quem votou nela, em sua imensa maioria reconhece agora que
foi enganado. Tudo que disse que o adversário faria, está sendo colocado em
prática por Dilma. A economia nacional está em frangalhos e a corrupção veio à
tona com a descoberta de desvios bilionários na Petrobras, a maior empresa do
Brasil e uma das grandes do mundo. No rastro das investigações que estão sendo
feitas pela Polícia Federal e acompanhadas com muito zelo pela Justiça Federal,
a Nação, estarrecida, descobre que bilhões de reais foram desviados com
maracutaias em contratos, beneficiando lobistas, empreiteiros, empresários e inúmeros
partidos e – pasmem – dezenas ou centenas de atores políticos. Há um número
considerável de figuras coroadas e até então respeitadas deste País, morando há
vários meses em celas frias da Polícia Federal. Hoje, por exemplo, a nona etapa
desta investigação foi deflagrada, atingindo em cheio o Tesoureiro do Partido
dos Trabalhadores, João Vacari Neto, acusado por um delator de ser beneficiário
do dinheiro sujo das propinas coletadas na fajutice dos contratos da Petrobras.
Na casa de Vacari foram apreendidos pelos Federais, farta documentação e coisas
mais para análise acurada. Vacari foi levado “coercitivamente” para
prestar depoimento, mas consta que foi liberado muitas horas depois.
O volumoso assalto aos cofres da Petrobras provocou prejuízos
da ordem de R$ 88 bilhões à empresa, conforme atestou a prestação de contas já oficializada
pela sua Presidente Graça Foster. O balanço da empresa não foi ainda auditado e
a suspeita de algo muito mais pavoroso nas suas contas existe, assombra o
mercado. Petrobras é hoje sinônimo de pilantragem, de quadrilha acoitada na
empresa e seu valor de mercado desabou. Há uma ação investigatória junto à
Justiça dos Estados Unidos da América interposta por acionistas e investidores
lesados. Ninguém sabe qual será o final da já reconhecida maior ação de
corrupção no Brasil. Graça Foster e cinco diretores renunciaram ontem, premidos pelo
clamor popular e empresarial. Já não são mais úteis ao Palácio do Planalto, à
Dilma, Lula e à quadrilha instalada na empresa petrolífera e estão sendo defenestrados.
Diante do Estado em frangalhos o fantasma do impeachment da
Presidente, ronda afoito e bem visível, os Palácios de Brasília. O mercado,
sempre atento, já trabalha com essa incrível possibilidade e projeta cenários
futuros para a governabilidade do País. Até o final do ano passado, eu por dever
profissional, também analisava este possível impeachment, mesmo sem convicção,
por considerar frágeis os argumentos e ilações postos à mesa. Mas, contra fatos
concretos não se pode tergiversar. O rumo das investigações, o surgimento de
provas inquestionáveis, o cerco apertando e comprometendo gente poderosa do
Partido dos Trabalhadores, o reconhecimento de dinheiro sujo postado na última campanha
eleitoral pelo País afora, favorecendo a base aliada que saltita ao redor de
Dilma e do PT, levam-me a temer pelo pior para o Governo. Dilma,
acossada por todos os lados por fatos danosos inquestionáveis, não deve mais conseguir
dormir o sono dos justos. Se ela cair, certamente levará de roldão centenas de
outros figurões que atuam nesta bufa ópera política brasileira. É uma pena, mas
o Brasil precisa, com urgência, ser passado a limpo.
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